Crônica urbana - Alta Floresta: no comando, as aves

28/08/2016 19:14

Em Alta Floresta - MT. Crédito:  Sucena Shkrada Resk 

Por Sucena Shkrada Resk

Está na hora de passarinhar... Explico o porquê. Paulistana, acostumada ao ritmo frenético da metrópole e ao mesmo tempo da pacata São Caetano do Sul, mudei para a rural Cotriguaçu, no noroeste mato-grossense, em janeiro de 2015, e desde maio deste ano, para Alta Floresta, em função do trabalho na ONG na área socioambiental, na qual atuo desde 2015. Poderia  resumir a minha atual localização, em poucas palavras: estou no bioma amazônico, quase na divisa do Pará, em uma cidade com características urbanas mescladas com rurais na periferia, com cerca de 50 mil habitantes...que hoje não ostenta tantas árvores, como o seu nome sugere. Mas que tem uma rainha que é uma das sumaúmas mais antigas da região. Ah, esta nunca pode ser esquecida. O mais interessante, no entanto, é que um dos aspectos mais atraentes do município, olhem só, está nos ares! Alta Floresta é considerada um dos melhores destinos mundiais para a prática de observação de aves. Isso mesmo! São cerca de 600 espécies catalogadas. Grande parte nas delimitações dos rios Tapajós, Madeira e Xingu.

Na área urbana, flagrar voos e cantos de diferentes espécies é algo cotidiano por aqui. Casais de Araracangas e Araras-canindés passeiam sob o céu da cidade sem cerimônias. Bem-te-vis cantam logo cedo. Maritacas fazem a festa em revoadas. No final de tarde, ver símbolos de cruzeiro com andorinhas migrantes nos ares alta-florestenses é algo cinematográfico. Nas árvores, pousam lindas garças no fim de tarde, próximo a um lago local e diferentes espécies caminham pelas calçadas ou praças compondo a paisagem. Em áreas mais afastadas, é possível avistar Mutuns, Martins-pescadores e outras tantas aves, na região do rio Cristalino, um dos principais pontos de observação da cidade. Aqui temos, inclusive, o privilégio de encontrar Harpia.

Portanto, dizer que estou volta e meia com a cabeça nas nuvens faz perfeitamente sentido neste contexto, não é? 

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